segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Rio das escaladas maravilhosas!

Mais um lugar incrível para a lista, cumes inesquecíveis, companhias maravilhosas e vias de escalada de puro desfrute e também de testar os neurônios. Assim foram meus dez dias na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Fazia tempo que eu estava devendo uma visita ao centro de escalada mais famoso do Brasil. Até os estrangeiros me cobravam isso! Para não perder tempo, garanti minhas passagens em fevereiro, logo que voltei da Patagônia. É sempre assim para os fissurados que têm a escalada correndo nas veias: a gente volta de uma viagem planejando a próxima.
Sobre a parceria desta vez, melhor impossível: minha amiga Luísa Diederichs. Começamos a escalar juntas há cinco anos e vou te contar, não sei dizer quem era a mais fissurada em escalada das duas. A Lu virou mamãe e a sua disponibilidade para escalada e viagens diminuíram. Mas lá no Rio não demorou para o velho entrosamento e companheirismo voltar. Revesamos guiadas justas, compartilhamos medos, alegrias e decisões e o mais importante: nos divertimos muito nas nossas escaladas.
Antes de viajar havíamos feito uma lista de objetivos, digo vias a serem escaladas. Conseguimos cumprir algumas metas, outras não foram possíveis de cumprir e algumas surgiram do imprevisto como presentes.
Então, segue nas fotos um resumo do que aprontamos.  : )

Sábado, dia 21, depois de conhecer e curtir um pouco a praia de Copacabana, recebo uma mensagem da Monica Schiavon dizendo que estava escalando na parede dos ácidos. Bora lá! Separamos nosso equipo de escalada esportiva e pulamos no primeiro ônibus para a Urca. Descemos no ponto e agora? Pão de açúcar de um lado e uma porção de morros pelos outros lados. Onde fica a parede dos ácidos? Como chegamos lá? No meio dessa confusão vi um casal com mochilas e uma corda. Grudamos neles! Para nossa sorte e coincidência o Vicente e a Luciana são gaúchos, escaladores e suuuper simpáticos. Nos ofereceram o guia da Urca (que mudou a nossa vida) e nos explicaram o nome de cada morro e como chegar nas vias. Como eles estavam indo para a Babilônia e eu não conseguia mais entrar em contato com a Monica, fomos acompanhá-los. E na base das vias da Babilônia, quem encontro? A Luciana Maes, que estava me passando betas pelo facebook. Depois de muita conversa e entusiasmadas com tantas informações de vias legais que a galera nos passava, já eram umas 16 horas quando resolvemos entrar na via IV Centenário, a primeira via conquistada no Morro da Babilônia, em 1965.

Tanta pedra. O difícil é escolher onde escalar!
Seis aninhos e já guiando via. Que privilégio em ter pai maluco/escalador e morar no Rio de Janeiro!
1ª enfiada da IV Centenário, um III bem tranquilo para nos aclimatarmos com as escaladas no Rio. Apesar de fácil , passei sufoco com a minha sapatilha esportiva apertada, costuras curtas e a Lu sem capacete, afinal íamos para os ácidos e acabamos entrando numa via tradicional.

2ª enfiada da IV Centenário, 4º, vamos aumentando aos poucos a graduação.
P2 da IV Centenário. Felizes pela primeira escalada no Rio. E a cidade nos recepciona com um belo pôr-do-sol e vista privilegiada.

No sábado à noite devoramos o guia da Urca e elegemos nossa segunda via na Babilônia: Vilma Arnould V, E2, 185 metros. Na foto a Lu guiando a primeira enfiada.
O que a primeira enfiada teve de fácil a 2ª e 3ª da Vilma Arnoud teve de difícil. Fui apresentada  às  famosas aderências do Rio na 2ª e a Lu guiou com bravura o crux de V, bem vertical com agarras pequenas da 3ª. Sufoco mas foi de boa. O problema era o calor que já tava fritando os miolos na P3 da foto.
O calor tava quase insuportável mas não pude deixar de desfrutar a 4ª enfiada de travessia. Apesar do sufoco do trecho sem agarras, valeu pelo visual e encerramos nossa escalada na Vilma Arnoud. 140 metros de via, faltaram duas enfiadas para o cume, mas o calor era tanto que já tinha feito bolhas nas minhas mãos. Descemos felizes de ter conseguido passar pelo filé da via.
Refresco para os pés e para a mente nas calmas águas da Praia Vermelha.
Este é o Morro da Babilônia. Muitas vias legais, uma ao lado da outra.  O problema é que  o morro se encontra  voltado para o norte, então é sol o dia inteiro.

Na segunda decretamos dia de descanso e fomos curtir alguns pontos turísticos do Rio  com a familía da Lu. Na foto, a bela praia da Barra da Tijuca.
Praia de Ipanema e o Arpoador ao fundo.
Praia de Copacabana. Super papai Otávio que cuidou da Sophie enquanto as duas loucas escalavam.
Na segunda à noite estávamos na dúvida entre duas vias no Pão de Açúcar: Italianos ou Chaminé Stop. Por indicação de outros escaladores, ficamos com a Italianos, Vsup, E1, 90 metros. Na foto, a Lu na trilha de aproximação à face oeste do Pão de Açúcar.

Acordamos cedinho para essa escalada. Chegamos e o morro estava envolto por nuvens, o que dava um ar sinistro à base. Demoramos um pouco para começar porque a Italianos tem muitas variantes no começo e foi complicado encontrarmos o caminho mais fácil. Na foto, eu na primeira enfiada. Momentos de susto com os esticões do início e contemplação com a beleza estética da via. Lindíssima essa primeira enfiada!

Eu na P1 da Italianos, feliz e chamando a Lu. Não temos fotos da 2ª enfiada, que a Lu guiou com maestria. Escalada exigente, vertical o tempo inteiro e agarrinhas muito pequenas. Tirei o chapéu pra minha parceira.

E quando achávamos que as panturrilhas iriam estourar, surge uma 3ª enfiada, de 3º grau, cheia de agarras grandes e bons lugares para descansar os pés. Subi correndo e chamei a Lu pro abraço. Fomos as únicas pessoas a escalar a Italianos nessa terça-feira, dia 24 de julho.

A grutinha do final da Italianos é um luxo. Dá até pra tirar um cochilo na sombra.  Ficamos mais de uma hora aí, almoçando, tirando fotos e curtindo o visual. Na foto, minha mão com bolha aberta da escalada na Babilônia e mais alguns machucados.

Que visu, hein!
Na final da Italianos, se você quer chegar ao cume do Pão de Açúcar, existem duas opções mais acessíveis: uma escalada de IV grau pela via Secundo ou seguir pela via de cabos de aço CEPI. Optamos pela CEPI por ser mais rápida e para fugir do sol que castigava a Secundo. Apesar de aparentemente mais fácil, foi sinistro seguir pela CEPI e confiar nos cabos de aço, sem contar nos braços que ficaram bombados.

Cume, finalmente. Muito calor e cansaço.
Realizadas.
Valeu, parceira!
Luxo: cerveja no cume para comemorar.
Vista da bela face oeste do Pão de Açúcar, onde escalamos. A descida foi fácil e merecida. Bondinho gratuito até a Praia Vermelha.
À noite a comemoração foi com pizza e cerveja com a Luísa e família e, mais tarde, samba de raiz na Lapa com a Monica Schiavon e Lucy Garrote. Na foto, mais um ponto turístico: os arcos da Lapa.


  Na quarta-feira acordei mal. No início achei que fosse ressaca das comemorações do dia anterior, mas depois a febre apareceu e tive certeza: a combinação de sol mais ar condicionado polar em todos os lugares da cidade detonou com a minha sinusite. Depois foi a sinusite que me detonou com 3 dias de febre. O combinado era irmos à Teresópolis na quarta-feira à tarde e escalarmos o Dedo-de-Deus na quinta-feira. Não foi desta vez.

No segundo dia com febre, não aguentando mais ficar dentro do apartamento, engoli uma dipirona e fui fazer passeios mais lights, longe do sol. Na foto eu e minha colega de faculdade Fernanda Silva no Jardim Botânico. Saudade dessa guria que eu não via desde a nossa formatura, há uns três anos.
Também aproveitei para conhecer o Palácio do Catete ou Museu da República. Fiquei umas 2 horas aí dentro desfrutando os três andares de exposições e aproveitei para saber um pouco mais da história da política do meu país.
No sábado a febre finalmente deu uma trégua e acordamos cedinho pra escalar. Escolhemos uma via fácil e totalmente na sombra para eu recomeçar depois da peste. Na foto eu no caminho da face sul do Pão de Açúcar, na pista Cláudio Coutinho.
Quem vai de segundo tem que escalar de mochila. Justo, hehe! Primeira enfiada da via Coringa, III grau, E1, 100 metros.
E no meio de tosse e cansaço da febre dos dias anteriores fui seguindo na segunda enfiada. Terceiro grau com direito a lances de aderência e até uma barriguinha exposta. Via danada de bonita!
O visual da Coringa é realmente incrível. 
Final: mais uma via!

Enquanto escalávamos a Coringa havia uma dupla na via Às de Espada, ao lado esquerdo que nos chamou muito a atenção. O guia não parava de cantar e ele tinha um sotaque do nordeste. Na trilha de descida do Pão de Açúcar conhecemos o tal "cantor" e ganhamos um novo e querido amigo: Carlos. O Carlos nos apresentou para sua parceira, que o estava esperando na Pedra do Urubu: a Mariana Sheimberg. Por coincidência nós duas já havíamos nos conhecido no último verão no Frey, Argentina. Que mundo pequeno!
Ficamos os quatro conversando o maior tempão, sobre escalada, lógico. O Carlos e a Mariana queriam nos mostrar muitas vias. Falaram em especial da Passagem dos Olhos na Pedra da Gávea e do Paredão K2 no Corcovado. Trocamos telefones e combinamos escalar a Passagem dos Olhos no domingo e a K2 na segunda, para fechar com chave de ouro a nossa viagem.

No final o Carlos teve um compromisso e não conseguimos escalar na Pedra da Gávea. Foto: vista da Pedra da Gávea do ônibus. Ficamos devendo essa também!
Então, resolvemos escalar domingo no Morro do Cantagalo, que fica pertinho de onde nós estávamos. Chegamos lá e não nos pilhamos com o ambiente totalmente urbanizado da área e nem com o sol que já castigava a parede às 8 horas da manhã. Voltamos, dormimos e o Otávio saiu para surfar. Finalmente, ele estava merecendo, hehe!
À tarde, quando o Otávio voltou, saímos para escalar na Urca novamente, mas o calor tava insuportável. O máximo que fizemos foi uma entrada na via Lindáurea, na Babilônia.
Segunda, último dia de escalada. Sai para almoçar com a minha colega de faculdade Camila, que eu não via também há muito tempo, e o Carlos nos envia mensagem: "escalada no Corcovado confirmada". Partimos às 14:30 para lá, horário que começa a pegar sombra na parede. Nos encontramos com o Carlos, Mariana e ganhamos mais uma amiga: a paulista Gabriella Lundholm Subimos bastante o Morro do Corcovado de carro, deixamos ele estacionado e fizemos mais uma meia hora de caminhada. Chegamos na base da via K2 V, E2 (que parece E3), 150 metros, que já é alucinante, pois está a mais de 500 metros do chão. O Carlos e as meninas seguiram na frente formando uma cordada e a Lu e eu seguimos atrás formando outra cordada.

Lu e eu nos preparando na base da K2. A Lu guiou a primeira enfiada da via, que segue por um lindo diedro de oposição.  Obrigada, amiga, por ter guiado essa enfiada! Odeio oposições, hehe!
A segunda enfiada ficou por minha conta. Cheia de surpresas, esticões e o famoso lance do crucifixo, que eu só fui descobrir depois de passar no sufoco. Foto: minha chegada na P2 em meio a nuvens. Créditos: Gabi  Lundholm.
Na saída da terceira enfiada está o famoso lance do palavrão, que também só fomos descobrir depois. É uma escalada novamente num diedro de oposição de uns seis metros, detalhe: a única proteção era a do Cristo que nos olhava lá de cima. Dá pra proteger em móvel, mas como não levamos peças, a Lu respirou fundo e tocou pra cima rapidinho, mandando super bem. A última enfiada era uma rampa curta e cheia de agarras, a mais fácil de todas, mas que o nosso amigo Carlos fez o favor de jogar uma corda de cima, pois já era noite e os sustos tinham sido grandes. Daí, foi só escalar rapinho e correr pro abraço.
Depois de fazer uma trilha curta no meio do mato, vimos uma clarão no meio da neblina: era o Cristo nos recebendo de braços abertos. Linda a cena. Fizemos várias fotos e aproveitamos o cume do Corcovado que, fora do comum, não tinha nenhum turista, só nós, loucos escaladores. Foi mais um cume incrível e muito bem acompanhada. 

Não teria melhor maneira de fechar a viagem no Rio com uma imagem dessas, no maior cartão postal da cidade.








segunda-feira, 23 de abril de 2012

Escalada no Rio Grande do Sul

Hoje andei pensando: "já escrevi posts sobre escaladas em outros estados do Brasil e principalmente sobre escaladas fora do Brasil, mas poucas vezes menciono as escaladas aqui no RS, meu próprio estado, onde escalo a maior parte do tempo". É comum não valorizarmos a "casa da gente" e ficarmos idealizando as escaladas gringas. Parece que quanto mais longe de casa, melhor. Mas aqui, 400, 200, 100, 30 km e até atrás da minha casa tem escalada de alta qualidade.
Neste post resolvi falar um pouco sobre cada lugar que escalei e que frequentemente estou escalado aqui nas terras gaúchas. Selecionei uma foto de cada lugar e, para isso, precisei vasculhar pastas antigas de fotos e até dar uma fuçada nos álbuns de facebook e orkut de meus amigos.

Foto: Orlei Jr.
Campo Escola Behne - Ivoti: foi o primeiro lugar onde eu escalei e onde eu descobri que queria escalar para sempre. Apesar de não ter boa fama entre os escaladores mais tradicionais, eu gosto porque é perto da minha casa e trabalho e, por isso, muito prático. O Behne é aquele lugar onde tu pode ir de havaianas e levar uma roupa maneira na mochila para depois ir trabalhar. Tive um grande aprendizado nas inúmeras possibilidades de vias esportivas em arenito. Sempre bom para dar uma treinada na folga do meio da semana e nos finais de semana quando quero fazer número de vias.

Foto: Henrique Oliveira.
Morro do Itacolomi - Gravatai: ah, o Itacolomi...Eu sou suspeita em falar. Adoro esse lugar. Posso estar na Patagônia, escalando fendas perfeitas e sempre penso: "que saudade de escalar no Itacolomi", hehe! Esse foi o lugar onde eu descobri o quanto é belo escalar, o quanto é importante preservar o delicado ecossistema das montanhas e também aprendi a ter equilíbrio e escalar com mais leveza nos delicados e minúsculos regletes de arenito. Sem dúvida é o lugar que eu mais frequento, seja pela qualidade das vias, pelo visual, pelo pôr-do-sol e pelos bons e velhos amigos.

Foto: Rafael Seco.
Pico da Canastra - Canela: a Canastra é um lugar muito importante pra mim. Foi o primeiro lugar onde eu vi pessoas escalando, o que me despertou a vontade de escalar. Também foi o lugar onde eu passei o primeiro "perrengue" não conseguindo subir de jeito nenhum uma via, o que me despertou uma motivação até então nunca sentida de querer voltar e conseguir vencer esse obstáculo. Foi também o lugar onde guiei pela primeira vez e onde aprendi a ter gosto pela escalada tradicional: vias longas, altura, vista espetacular, cume, essas coisas que nos deixam viciados no esporte.

Foto: Alessandra Arriada.
Salto Ventoso - Farroupilha: se tem um lugar que eu sempre indico para escaladores que vem conhecer as vias do sul é o Salto. Vias de qualidade, bem protegidas, basalto sólido e, de quebra, o lindo visual da cachoeira. O Salto é o lugar que eu vou quando estou me sentindo bem treinada, ou pelo menos não tô há muito tempo parada, porque os antebraços sempre incham e sempre dá aquela dorzinha no abdômen no dia seguinte por causa da negatividade das vias. Eu sonho com um dia ainda poder escalar as vias do setor da cachoeira. Enquanto isso vou malhando o que está ao meu alcance.
Quero ver me encontrar! Foto: Luísa Diederichs.
Torres - Torres: escalar no verão, na sombra com a brisa do mar. Não, isso não é o Rio de Janeiro, é o Rio Grande do Sul, tche! Isso mesmo aqui no RS também temos escalada na beira da praia. Apesar de Torres ter sido o local onde lesionei feio o meu joelho, não tenho guardo mágoas do lugar, bem pelo contrário. Adoro escalar aqueles morros de basalto, apesar de alguns blocos soltos e proteções duvidosas, mas até isso faz parte do encanto de Torres. E para quem gosta de platéia, vai adorar os flashs, palmas e gritos de incentivo da turistada.

Foto: Rafael Seco.
Morro da Palha - Gravatai: é um lugar lindo e pouco frequentado, talvez pelo acesso e pelos habitantes locais (marimbondos) não muito receptivos. Em dia seco e frio é perfeito para curtir as belas escaladas em arenito, longe do crowd.
Boulder noturno em Minas do Camaquã. Foto: Floriane Labedie.
Minas do Camaquã - Caçapava do Sul: Minas é outro dos lugares especiais por vários motivos. Foi o meu primeiro contato com os malucos conglomerados da serra do sudeste rio grandense e foi o lugar onde conheci pessoas especias como meus amigos Iuberê Dutra Machado, Alessandra Arriada e o ilustre seu Álvaro. Quando penso em Minas já me vem a cabeça reencontrar essas pessoas especiais, os banhos de rio e o psicológico afiado para escalar as vias expostas. Sempre "flutuando" para não ser surpreendida por um seixo solto bem no meio de um esticão.

Foto: Elson Tieppo.
Cascata dos Marins - Cotiporã: sabe aqueles lugares que tu não cansa de admirar de tão bonito? Assim é Cotiporã. Verdadeiramente belo! O vale, a cachoeira, o rio, o basalto clareado pelos líquens. Fico feliz em ver como a escalada meu proporcionou conhecer tantos lugares lindos que, se eu não escalasse, com certeza não conheceria. A escalada em Cotiporã não é gradual. Ou tu vai de sangue doce para escalar três 5º bem facinhos ou já vai com sangue nos olhos para entrar nos 7a pra cima. Só tem um sexto que é um 6sup/7a, então dá pra entender que não é moleza. E se chover, não tem problema nenhum. Tem um tremendo teto protegendo as vias. A diversão é garantida!

Foto: Henrique Oliveira.
Complexo da Pedra do Segredo - Caçapava do Sul: sabe aqueles lugares onde tu sente uma energia muito forte? Caçapava é assim. Talvez essa energia venha das tribos indígenas que habitavam o local misturadas a muitas lendas e histórias que circundam o lugar, principalmente a Pedra do Segredo. Em relação às escaladas, lindas vias que parecem ter sido esculpidas especialmente para montanhistas. A via "Sem medo de ser feliz", na Pedra do Segredo, é uma das linhas mais bonitas que eu já escalei. Mesma coisa posso falar da via"Obrigado pela vida", na Pedra da Abelha. Aprendi nesse lugar a nunca menosprezar as vias por terem baixa graduação. Fortes emoções podem te esperar se uma agarra quebrar bem no meio de um esticão.
Foto: Eliane Mello.
Morro Gaúcho - Arroio do Meio: visitei o Morro Gaúcho apenas uma vez e já faz uns dois anos. Na época eu escalava bem menos do que agora e nunca tinha escalado em móvel. Como as vias do morro são bem fortes e todas em móvel ou mistas, me restou apenas o top hope. E mesmo usando essa técnica lembro que ainda passei trabalho para escalar as vias. Gostaria de voltar ao Morro Gaúcho. Talvez agora eu consiga aproveitá-lo um pouco melhor.

Foto: arquivo de Eliane Mello.
Morro do Chapéu - Sapucaia do Sul: esse lugar fica atrás da minha casa, bairro ao lado. Caminhando aqui pela minha cidade eu sempre admiro a beleza desse morro. Existem muitas vias de escalada por lá. Entretanto, por problemas de segurança, eu nunca consegui parceiria para visitar o morro, quem dirá para escalar. Há dois anos, a Eliane Mello e eu conseguimos reunir uma galera de escaladores e simpatizantes para fazermos uma visita ao morro do Chapéu e aproveitarmos para escalar suas vias, que foi onde começou a escala esportiva no estado. Lindíssimas vias, pena que a maioria delas precise de regrampeação. Depois desse dia nunca mais voltei, mas tenho vontade de dar uma revitalizada nesse point.

Foto: Henrique Oliveira.
Mallakoff - Nova Petropólis: o Mallakoff é outro lugar incrível onde escalei poucas vezes, apenas duas, e faz tempo, no mínimo uns dois anos também. Mesma história do Morro Gaúcho, eu não tinha contato com os equipos móveis e as vias de lá são bem duras. O que me restou foi o top hope, mas foi legal por ter sido o primeiro contato com a escalada móvel. Só de desentalar as peças já é uma aprendizagem. Conheci apenas as paredes pequenas. As paredes grandes têm vias de 200 metros no melhor estilo do perrengue: móvel e artificial. Pra quem curte tradicional, é um prato cheio.


Foto: Rafael Seco.
Caloni - Taquara: secret point em Taquara. Tem umas três ou quatro vias grampeadas todas de 7a pra cima, um artifical no teto da cachoeira e alguns probleminhas de psicobloc abertos pela Raquel Albernoz e eu. Esse foi o meu primeiro contato com a escalada artifical. O lugar é ideal no verão porque pega sombra nas vias e depois tem aquele banho de cachoeira revigorante.

Foto: Carina Korb.
Monte Belo - Monte Belo do Sul: um dos últimos locais que eu conheci. Gostei muito. Bastante vias novas pra entrar on sigth e testar a quantas anda a nossa graduação, sombra a tarde toda, tranquilidade e a recepção calorosa da dona Elizete. E os guris de Bento Gonçalves não param de abrir vias. Tem muita coisa (e pedra) ainda pra rolar em Monte Belo. Leve capacete!

Escalando a tromba do elefante. Foto: Iuberê Dutra Machado.
Casa de Pedra - Bagé: esse lugar parece não existir no nosso mundo materialista. Distante 60 km da cidade mais próxima, não tem energia elétrica, não tem sinal de celular, não tem cozinha, não tem banheiro, não tem chuveiro com água quente (muitas vezes não tem nem água), ou seja, se tu procura conforto, não vai pra lá! É um lugar onde tu esquece completamente os problemas da cidade, onde a única preocupação é: Que via eu vou escalar amanhã? Eu adoro Bagé! É o lugar onde tu respira escalada tradicional: acordar cedo, caminhar, escalar muito, esticões, esticões e voltar pro acampamento louco por uma janta, vinho e uma boa noite de sono, porque no outro dia tem mais escalada...

Foto: Alessandra Arriada.
Pedreira de Monte Bonito - Pelotas: fazia tempo que eu queria conhecer o único local de escalada em granito no RS. Finalmente no ano passado, em outubro, ganhei esse presente no dia das crianças. Posso dizer que foi bem válido. O granito proporciona um estilo completamente diferente dos arenitos que eu estou acostumada. Foi muito bom me ver quebrando cabeça em agarras e movimentações diferentes. Outro lugar que preciso voltar.
Foto: Paula Luza.
Morro do Urubu - Vila Maria: antes do encontro de escalada Escablues eu nem imaginava que existisse escalada perto de Passo Fundo. E escalada de qualidade: vias esportivas, tradicionais, com proteção fixa, proteção móvel, mista, artificial. E não são poucas vias! Vários setores com escalada para todos os gostos e níveis. Fabrício e Camila Abido, Filipe e Floriane Hartmann, Alexandre Altmann e cia estão se puxando nas conquistas. Parabéns, galera! E que venha o Escablues P3!

No último domingo eu conheci o famoso Morro do Pudim, que fica ao lado do Itacolomi. Eu sei que demorou, mas nunca é tarde, né? Não tenho fotos de lá mas o que posso dizer é que vai rolar muita malhação e cadenas, hehe!
No final do ano passado conheci o Paredão Deberovsky em Sapiranga onde Richard Panda, José Pedro Assis e cia estão iniciando as conquistas. Outro refúgio com cachoeira e sombra pro verão.
Outro lugar que não tenho fotos é da famosa Gruta da Terceira Légua em Caxias do Sul, que conheci esse ano. É realmente impressionante as vias e o nível que a galera de lá escala. Eu fiquei contente de ter conseguido escalar uma via de lá e pretendo voltar para experimentar as vias "possíveis para os mortais".
Ainda falta conhecer o Vale da Ferradura em Canela, Antônio Prado, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Flores da Cunha, Vila Cristina em Caxias do Sul, Forromeco em Carlos Barbosa e mais uma porção de lugares que eu devo ter esquecido.
Então, escalada aqui no sul é o que não falta. Kamon!!!!